sábado, 8 de junho de 2013

A mente meditativa

Em todas as tradições existem muitos tipos de meditação. Diferentes tipos de meditação servem diferentes propósitos, levando o praticante a diferentes resultados, é um facto.
O propósito deste texto não é expor as diferentes técnicas de meditação, mas sim realçar a importância de desenvolver uma mente meditativa. 

O que é uma mente meditativa?

A mente meditativa é aquela que reuniu processualmente e de forma progressiva determinadas qualidades. 
Uma dessas qualidades é a capacidade de foco, de atenção, que em Sânscrito se chama samādhānam; ou seja, a capacidade de permanecer concentrado em determinado assunto, tema, ideia, ou mesmo acção, durante o período de tempo desejado, ou necessário. 
Um exemplo dado pelo querido Swami Paramarthananda, e que ilustra bem o poder da capacidade de atenção, é o de uma lupa; esta lupa, ou lente, pode ser orientada deliberadamente por alguém, condensando os raios solares numa folha de papel, queimando-a em segundos.  A lupa representa a capacidade de foco, de atenção, de concentração, e o sol representa a mente da pessoa. A orientação da lente representa o poder de escolha, o livre arbítrio que cada ser humano possui. O papel ao ser queimado aponta para o sucesso da acção.

Assim sendo, a capacidade de estar totalmente atento, debruçado, entregue um assunto, ideia ou acção, faz com que o processo de aprendizagem, o processo de estudo, e também o acto de viver, sejam feitos no presente. A atenção é a ausência de distracções, ou então,  é a capacidade de redireccionar os pensamentos para o momento presente, para o agora. 

Outra qualidade importante de uma mente meditativa é a equanimidade, que em Sânscrito se chama  samatvam. A equanimidade é exprimida na forma de uma relação equilibrada com o conteúdo mental, psicológico, que inclui a dança dos pensamentos, das emoções, das sensações. 

Quando o meditador se senta em seu silêncio, ou se senta repetindo mentalmente um mantra, ou se senta contemplando a realidade, abre um espaço psicológico para a mente sub-consciente se exprimir, se libertar, se exaurir. Esta mente sub-consciente em Sânscrito pode ser chamada de kaṣāya. Então, a parte subconsciente da mente é composta por tendências, ou impressões mentais chamadas vāsanās, que tendem a vir à superfície; tendem a manifestar-se quando os estímulos vindos do mundo externo são cessados. 
O meditador é aquele que deliberadamente  se senta, abrindo espaço para que o conteúdo sub-consciente possa ser observado, e então devidamente processado, resultando idealmente em purificação. Neste processo de purificação, acomodamos todas as experiências passadas, agradáveis e desagradáveis, reconhecendo que foram todas importantes, pois contribuíram para a pessoa que hoje sou. Este reconhecimento, esta acomodação, ou aceitação, é importante, e é também uma qualidade que é adquirida indirectamente; é a qualidade objectividade e que em Sânscrito pode ser chamada viveka.

Então, neste pequeno texto, apresentei-vos três qualidades que são adquiridas com a meditação: 

* samādhānam, capacidade de atenção, concentração ou foco, que pode ser expressa numa hora, num dia, ou mesmo por toda uma vida.

samatvam, capacidade de manter a observação da mente estável perante a dança dos pensamentos e emoções, sem se ser deixado levar por eles.

* viveka, a capacidade de receber com objectividade as experiências da vida; experiências ao nível mental, emocional, físico e claro com o mundo externo, discernindo sobre o seu carácter transitório e sobre a sua importância contributiva para o amadurecimento emocional.


Então, só se consegue uma mente meditativa com a meditação. Boas práticas! 


Por Paulo Vieira



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