Uma
mensagem a ser passada!
O Yoga é um corpo de conhecimento completo. Propõe ao
Yogi uma meta, Mokṣa, que é a liberdade do aprisionamento que tem origem na
ideia errada de que sou limitado e infeliz, ou seja o reconhecimento e a
compreensão que sou completo e feliz por natureza.
Complexo é o processo que prepara e conduz o praticante a
essa Liberdade. Desde a conduta ética ou Dharma, desde as práticas Yogikas,
como prāṇāyāma, āsana, meditação, mudrās, etc., até ao jñānayoga ou Vedānta. Estes
são complementares e inter-relacionam-se na perfeição.
O Yoga está aí para ser aproveitado e ainda bem que está
na moda, pois hoje mais do que antes está a ser bem preciso.
Não esquecendo o objetivo último do Yoga, Moksha, lembro
o prazer que existe em praticar, prazer que muitos praticantes antigos parecem
ter esquecido. Parece-me que se fartaram de praticar, ou zangaram-se com a
prática, ou então apenas já só se dedicam a algumas partes, negligenciando
outras.
Muitos dizem que já praticaram “muito āsana”, que estão
cheios de lesões, e que então se dedicam ao prāṇāyāma e a mantra jāpa ou
meditação. Será que de facto alguma vez praticaram Yoga?
Certo é que se acomodaram. De facto, é muito mais fácil
sentar para meditar do que fazer saudações ao sol e seguir em frente com a prática
pessoal, a prática regular, direi mesmo diária que o praticante deverá ter.
De facto sentar para
a prazerosa meditação é muito mais apetecível, e claro, cansa muito menos.
Chama-se a esta atitude “preguicite crónica”! Provavelmente é muito mais
divertido ir surfar ou passear na montanha e claro também faz bem….
A prática de āsana é um exercício físico pois envolve o
corpo, de forma objetiva se percebe que isto é um facto;
A prática de āsana é um exercício fisiológico pois nutre
e massaja os diferentes órgãos internos e externos com as diferentes posturas. Isto
faz da prática um exercício terapêutico, faz da pratica yoga terapia, fica aqui
o link para pesquisarem : ah vejam até ao fim pois vale bem a pena!
A prática de āsana é um exercício prāṇico, pois o yogi
deve ter noção das diferentes nadis ou meridianos e então observar e conduzir o
prana com a ajuda dos bhandas e da respiração, para que o prana possa fluir sem
bloqueios pelos mesmos meridianos ou nadis.
Com a prática de āsana o corpo fica preparado para o prāṇāyāma,
o corpo fica desbloqueado para que o prana e a respiração possam fluir sem
restrições. Com o prāṇāyāma a mente fica preparada para a meditação.
Simplesmente uma sequencia harmoniosa…
Uma pergunta fica aqui feita – quantos praticantes ou
professores sabem o efeito prāṇico e fisiológico dos āsanas? Quantos
professores dão importância a isso? Quantos professores se importam com efeito terapêutico
a nível dos órgãos internos que a pratica proporciona?
Outros dizem que já tentaram de tudo, invertida sobre a
cabeça, duas horas em padmāsana, 3 horas de prāṇāyāma, etc, mas “nada de
kundalini”, nenhuma experiência mística aconteceu, e então também se fartaram!
Outros acham que como já praticaram muito āsana e muito prāṇāyāma,
dizem que chegou o momento de se dedicarem apenas ao estudo de vedanta, então negligenciam
a prática de āsana e de bhandas e de prāṇāyāma, muitos deles até negligenciam a
prática de karma Yoga. Que contradição!
Admiro professores com mais de 40 anos de prática que
ainda continuam a acordar cedo de manhã para praticar, mesmo quando dão aulas
muito cedo, em retiros e cursos por exemplo. Para eles a prática de Yoga é
integral e integrada no seu dia-a-dia. Por integral quero dizer que não
negligenciam nenhum dos angas. Por integrada quero dizer que o que ensinam é
sem dúvida o que praticam. Estes são um exemplo!
Admiro os professores que relembram o poder curativo e
regenerativo do Yoga, que aliás pode ser confirmado se lerem este três tratados
de Yoga, nomeadamente Hatha Yoga Pradipika, Shiva Samhita e Gheranda Samhita. Nestas
três obras pode-se ler o efeito curativo que as posturas, o prāṇāyāma, os mudrāse
os bhandas têm.
Posso ainda
contribuir com dois exemplos, que por serem verdadeiros, são dois casos
práticos e prova do poder curativo do Yoga. É exemplo de dois alunos a quem dou
aulas que beneficiaram muito da prática de Yoga. Um deles estava à espera de
cirurgia. Desde que começou praticar foi regular. Passados seis meses o médico
disse que a cirurgia não era necessária. O outro aluno, também regular, no
espaço de um ano reduziu e abandonou por completo a medicação que estava a
tomar. De notar que ambos conseguiram desenvolver prática pessoal e regular para
além das aulas. Ah e não foi preciso muito tempo, ambos no espaço menos um ano
tiveram imensos benefícios.
Penso que um professor de Yoga deve dar a conhecer o
poder curativo do Yoga, pois essa é uma das suas funções, e essa é uma mensagem
presente nos tratados de Yoga. Por outro lado, se um professor já se magoou a
praticar, provavelmente essa á a mensagem que irá passar aos alunos, alertando
incessantemente os alunos para os perigos, (o que está certo, claro) mas não
deverá nunca negligenciar a divulgação dos benefícios. Muitos praticantes são
professores e muitos destes já se magoaram muito, claro porque a sua atitude
não foi a melhor, talvez estivessem a competir com eles mesmos e esqueceram-se
de não serem violentos com o corpo e mente. Assim sendo, projetam uma mensagem
baseada na sua frustração, baseada na experiência que tiveram dum caminho que
os ensinou, mas que sem dúvida não foi o melhor.
É que muitos
professores alertam para os perigos físicos de determinadas práticas, mas a
vida pessoal deles é repleta de perigos ainda maiores, como conduzir em excesso
de velocidade, ou então praticar desportos radicais, onde o corpo é sujeito a
condições extremas e muito perigosas. Falam de desgaste articular, por exemplo,
e vão correr ou jogar futebol onde o desgaste é imensamente maior e os
benefícios terapêuticos para os órgãos internos ficam anos-luz aquém dos
benefícios, por exemplo, da prática de Yoga regular.
A prática quando é feita com atitude certa, quando é
usada como palco para a reflexão sobre a natureza essencial de cada um, quando
tem como propósito aumentar a longevidade, então torna-se num espaço/tempo
sagrados, um espaço onde a cura física e espiritual acontece.
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