domingo, 20 de maio de 2012


Uma mensagem a ser passada!


O Yoga é um corpo de conhecimento completo. Propõe ao Yogi uma meta, Mokṣa, que é a liberdade do aprisionamento que tem origem na ideia errada de que sou limitado e infeliz, ou seja o reconhecimento e a compreensão que sou completo e feliz por natureza.
Complexo é o processo que prepara e conduz o praticante a essa Liberdade. Desde a conduta ética ou Dharma, desde as práticas Yogikas, como prāṇāyāma, āsana, meditação, mudrās, etc., até ao jñānayoga ou Vedānta. Estes são complementares e inter-relacionam-se na perfeição.
O Yoga está aí para ser aproveitado e ainda bem que está na moda, pois hoje mais do que antes está a ser bem preciso.
Não esquecendo o objetivo último do Yoga, Moksha, lembro o prazer que existe em praticar, prazer que muitos praticantes antigos parecem ter esquecido. Parece-me que se fartaram de praticar, ou zangaram-se com a prática, ou então apenas já só se dedicam a algumas partes, negligenciando outras.
Muitos dizem que já praticaram “muito āsana”, que estão cheios de lesões, e que então se dedicam ao prāṇāyāma e a mantra jāpa ou meditação. Será que de facto alguma vez praticaram Yoga?
Certo é que se acomodaram. De facto, é muito mais fácil sentar para meditar do que fazer saudações ao sol e seguir em frente com a prática pessoal, a prática regular, direi mesmo diária que o praticante deverá ter.
 De facto sentar para a prazerosa meditação é muito mais apetecível, e claro, cansa muito menos. Chama-se a esta atitude “preguicite crónica”! Provavelmente é muito mais divertido ir surfar ou passear na montanha e claro também faz bem….
A prática de āsana é um exercício físico pois envolve o corpo, de forma objetiva se percebe que isto é um facto;
A prática de āsana é um exercício fisiológico pois nutre e massaja os diferentes órgãos internos e externos com as diferentes posturas. Isto faz da prática um exercício terapêutico, faz da pratica yoga terapia, fica aqui o link para pesquisarem : ah vejam até ao fim pois vale bem a pena!
A prática de āsana é um exercício prāṇico, pois o yogi deve ter noção das diferentes nadis ou meridianos e então observar e conduzir o prana com a ajuda dos bhandas e da respiração, para que o prana possa fluir sem bloqueios pelos mesmos meridianos ou nadis.
Com a prática de āsana o corpo fica preparado para o prāṇāyāma, o corpo fica desbloqueado para que o prana e a respiração possam fluir sem restrições. Com o prāṇāyāma a mente fica preparada para a meditação. Simplesmente uma sequencia harmoniosa…

Uma pergunta fica aqui feita – quantos praticantes ou professores sabem o efeito prāṇico e fisiológico dos āsanas? Quantos professores dão importância a isso? Quantos professores se importam com efeito terapêutico a nível dos órgãos internos que a pratica proporciona?

Outros dizem que já tentaram de tudo, invertida sobre a cabeça, duas horas em padmāsana, 3 horas de prāṇāyāma, etc, mas “nada de kundalini”, nenhuma experiência mística aconteceu, e então também se fartaram!
Outros acham que como já praticaram muito āsana e muito prāṇāyāma, dizem que chegou o momento de se dedicarem apenas ao estudo de vedanta, então negligenciam a prática de āsana e de bhandas e de prāṇāyāma, muitos deles até negligenciam a prática de karma Yoga. Que contradição!  
Admiro professores com mais de 40 anos de prática que ainda continuam a acordar cedo de manhã para praticar, mesmo quando dão aulas muito cedo, em retiros e cursos por exemplo. Para eles a prática de Yoga é integral e integrada no seu dia-a-dia. Por integral quero dizer que não negligenciam nenhum dos angas. Por integrada quero dizer que o que ensinam é sem dúvida o que praticam. Estes são um exemplo!
Admiro os professores que relembram o poder curativo e regenerativo do Yoga, que aliás pode ser confirmado se lerem este três tratados de Yoga, nomeadamente Hatha Yoga Pradipika, Shiva Samhita e Gheranda Samhita. Nestas três obras pode-se ler o efeito curativo que as posturas, o prāṇāyāma, os mudrāse os bhandas têm.
 Posso ainda contribuir com dois exemplos, que por serem verdadeiros, são dois casos práticos e prova do poder curativo do Yoga. É exemplo de dois alunos a quem dou aulas que beneficiaram muito da prática de Yoga. Um deles estava à espera de cirurgia. Desde que começou praticar foi regular. Passados seis meses o médico disse que a cirurgia não era necessária. O outro aluno, também regular, no espaço de um ano reduziu e abandonou por completo a medicação que estava a tomar. De notar que ambos conseguiram desenvolver prática pessoal e regular para além das aulas. Ah e não foi preciso muito tempo, ambos no espaço menos um ano tiveram imensos benefícios.
Penso que um professor de Yoga deve dar a conhecer o poder curativo do Yoga, pois essa é uma das suas funções, e essa é uma mensagem presente nos tratados de Yoga. Por outro lado, se um professor já se magoou a praticar, provavelmente essa á a mensagem que irá passar aos alunos, alertando incessantemente os alunos para os perigos, (o que está certo, claro) mas não deverá nunca negligenciar a divulgação dos benefícios. Muitos praticantes são professores e muitos destes já se magoaram muito, claro porque a sua atitude não foi a melhor, talvez estivessem a competir com eles mesmos e esqueceram-se de não serem violentos com o corpo e mente. Assim sendo, projetam uma mensagem baseada na sua frustração, baseada na experiência que tiveram dum caminho que os ensinou, mas que sem dúvida não foi o melhor.   

 É que muitos professores alertam para os perigos físicos de determinadas práticas, mas a vida pessoal deles é repleta de perigos ainda maiores, como conduzir em excesso de velocidade, ou então praticar desportos radicais, onde o corpo é sujeito a condições extremas e muito perigosas. Falam de desgaste articular, por exemplo, e vão correr ou jogar futebol onde o desgaste é imensamente maior e os benefícios terapêuticos para os órgãos internos ficam anos-luz aquém dos benefícios, por exemplo, da prática de Yoga regular.
A prática quando é feita com atitude certa, quando é usada como palco para a reflexão sobre a natureza essencial de cada um, quando tem como propósito aumentar a longevidade, então torna-se num espaço/tempo sagrados, um espaço onde a cura física e espiritual acontece.

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