quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Yoga porquê?


Todos os seres humanos procuram felicidade. Se perguntarmos a alguém quando é quer ser feliz, responderá sempre. Quererá ser feliz de manhã, de tarde e claro está de noite. Quererá ser feliz em todos os momentos e procurará com todas as suas acções essa felicidade, esse bem-estar. Desejará ter ou manter o que lhe trouxer alegria, procurará afastar tudo o que lhe trouxer desconforto. Se algum objecto a satisfizer, procurará tê-lo ou mantê-lo, se algum objecto se tornar um fardo, procurará afastá-lo ou evitá-lo. Se determinada pessoa a fizer sentir bem, procurará a sua companhia, se a fizer sentir mal, evitará a sua companhia.
A pessoa inteligente cedo percebe que gostos e aversões estarão sempre presentes pela vida fora. Se há algum problema, ele não está nos gostos e aversões, mas sim na forma como nos relacionamos com estes. Ser independente da escravidão dos gostos e aversões é ser livre da prisão que eles provocam. Para que esta liberdade, a real natureza do ser humano, possa ser reconhecida, vai sendo necessário que a pessoa tenha o desejo e a força de vontade para mudar o que tem que ser mudado e manter o que tem que ser mantido.
Aqui entra o papel importantíssimo e transformador do Yoga. O Yoga, sendo muito mais do que um sistema prático de auto-conhecimento, tem um papel fundamental na vida do Homem – potencializa a sua evolução a todos os níveis, para que este possa definitivamente cumprir com os quatro objectivos de vida, os purusharthas – dharma, artha, käma e moksha.
O Yoga propõe-nos, segundo a tradição Védica, três caminhos a serem percorridos para que a personalidade do ser humano se transforme positivamente, para que seja possível o reconhecimento da sua verdadeira natureza. Este processo de reconhecimento é chamado moksha. A pessoa através do auto-conhecimento – ätmä jñanam, torna-se firmemente convicta de que é o Absoluto – Brahman.
Os textos sagrados - shästras apresentam um plano de acção – sädhana (prática espiritual). Para que a prática aconteça é necessária a presença de um praticante – sädhaka. Este sädhaka alcança sädhyam (objectivo) e torna-se um siddha (aquele que se tornou perfeito no que faz). Através de sädhana o sädhaka alcança sädhyam tornando-se um siddha.
Assim sendo, temos três tipos de Yoga que actuam em diferentes áreas do complexo corpo/mente/personalidade. O primeiro tipo de Yoga é karmayoga – o yoga da acção e atitude correctas. O segundo tipo de yoga é upäsanayoga ou ashtangayoga de patanjali, e o terceiro é jñänayoga – Yoga do conhecimento. Estas três formas de Yoga não são alternativas nem opcionais, mas sim complementares e necessárias.
Um dos objectivos do karmayoga é a purificação da mente – cittashuddhih. Com acções apropriadas e benéficas mantemos o equilíbrio mental e produzimos punyam, (resultado invisível de acções meritórias, punyam adrshta phalam). O karmayogi reconhece a importância e consequência última de todas as suas acções, pois reconhece a lei do karma como uma lei Universal, pertencente a ishvara, a inteligência ilimitada manifestada na forma do Cosmos – jagat.
O upäsanayoga tem o propósito de transformar positivamente a mente do sädhaka. Procura dar ao praticante um corpo e uma mente focada, pura e com todas as boas qualidades de uma personalidade saudável.
O propósito do jñanayoga é remover a ignorância e o conhecimento errado acerca da natureza do ser humano e permitir que este se mantenha através do estudo e da contemplação.

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